terça-feira, 9 de agosto de 2011

sei-lá, de repente acontece.



e em outra dessas conversas que a gente acha que vai levar a algum lugar, que não seja a cama, a gente conversa mais uma vez. Todas as vezes são diferentes, mas a de ontem foi mais.

Antes de sair de casa a gente sabia do encontro. Tá.

Pensei eu; levo um guarda-costas, uma faca ou uma camisinha. Precisaria estar preparada.

Engraçado.

A hora nem demorou tanto para passar ou então sei-lá, era hora. Ele ligou.

- Tô aqui.

-Estou indo.

- Tá, beijo.

Simples, a gente não é de rodeios.É.

Nem chegado tinha, outra vez ligou.

- ah não vai vir então?!

- tô chegando, espera.

-Tá.

Mais simples.

Parei ao lado do carro, ele dentro, de portas fechadas, um vento sul que me descabelou em apenas 05 minutos, até que ele resolvia sair ou sei-la que diabos fazia lá dentro, eu tentava arrumar meus cabelos, normal.

Ele saiu, a gente só se olhou.

Silêncio. Silêncio. Silêncio.

Ele me deu um beijo no rosto e um abraço, igual aos de sempre.

Silêncio. Silencio.

-E aí?

-E aí?Por um momento pareciamos estranhos. E veio a primeira pergunta, claro.

- Porque vc está assim?

- Assim como? (sou ótima em me fazer de vítima, acredite)

-Assim; brava, reinenta, bicuda, teimosa ... (e por alí foi inumeros adjetivos)

- Nem tô nada.--'

- Só porque eu sou GROSSO e ESTUPIDO?


AUIEHEUIAHEAUHEIUEAHUEIAHEIUAHEAIUEHAIUEHA

acredite, essa foi a melhor maneira de quebrar o gelo, sério. Acertou em cheio.

Fiz ele repetir várias vezes, o que você é?

o que? o que? o que? o que?

Sinceramente, até então não havia nenhuma novidade, mas só pelo fato de você se auto definir assim, eu achei o máximo.

A conversa começou a fluir, e o silêncio não apareceu mais.

O que apareceu então foi as cobranças, as brincadeiras com toda a verdade do mundo, as dores de cotovelo e as verdades na cara dura e crua, sem receio, sem medo, sem se importar se o outro ia ou não gostar.

O que ele mais repetiu?

- eu odeio essa ironia.

- para de ser ironica fran.

- não sorria assim ironicamente.

- para, acredita em mim, tô falando sério.


O que eu mais repeti?

- páara, já sei disso.

- e disso também.

- afffs

- e onde doeu?

Depois de tanto se jogar tudo na cara, de tanto rir do ciúme alheio, pq realmente era engraçado, o vento veio mais forte, e de leve os pingos da chuva começaram cair sobre nós. Estamos alí a mais de uma hora "lavando roupa suja" como ele mesmo definiu, a chuva engrossou e ele disse:

- quer entrar?

- nem respondi, entrei.

- e antes que você reclame, sim tem cheiro de cerveja aqui.

- foco.


Citei alguns adjetivos de baixo calão, vagabundo, cachorro. imprestavel, sem carater e por aí foi, me esforcei ao máximo para lembrar-me de todos que já tinha ouvido algum dia.

- isso tudo é pq tu gosta de mim?

- não exatamente.

Então foi a vez dele achar todos os adjetivos de baixo calão do dicionário dele.

- Tonga, besta, ciumenta, doída, maluca, mandona e por ai foi.

- isso tudo é pq tu gosta de mim? (2)

- não exatamente.

enfim, enfim, enfim, enfim, enfim, enfim.

Para acalmar os animos, uma música.

E já eram quase dez horas, e já fazia tempo de mais que estavamos alí dentro, e lá fora não tinha mais chuva.

Falei que tinha que ir, era necessário antes que algo fosse acontecer.

- Vou levar o cd.

- Não vai não.

- Vou sim., nãoe stou pedindo, estou avisando.

Tirei ele, segurei-o na mão esquerda com força, como se fosse precioso.

Então as proximidades começaram.

Sintonizar uma nova estação de rádio era preciso, mas sobre minhas pernas parecia o caminho mais atraente.

Eu?imovel.

O coração começou a bater mais rápido, e as malditas proximidades foram ficando cada vez mais próximas.

Mensagem ao celular.

- Acabou a minha aula.

A aula da pessoa e a minha noite acabaram alí.

Abri a porta disse: vou indo, é bem melhor.

E bati ela levemente, tão de leve que pode que nunca mais abrirá.


Só.













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